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Abril 29, 2022

Holandeses criam carne em laboratório, uma alternativa sustentável para o mundo.

Em meio a uma crise climática, os holandeses criam carne em laboratório, uma alternativa ecológica, saborosa e saudável para o mundo.


Segundo a BBC, a equipa de pesquisadores holandeses que conseguiu sintetizar o primeiro hambúrguer de laboratório afirma que espera começar a vender o produto dentro de cinco anos.


Os cientistas da Universidade de Maastricht, na Holanda, montaram uma nova companhia para transformar a carne artificial num hambúrguer que seja, segundo eles, mais saboroso e barato. "Estou confiante que, quando for oferecido como uma alternativa à carne, um número crescente de pessoas vai achar difícil não comprar o nosso produto por razões éticas", disse à BBC o diretor da nova empresa, Peter Verstrate.


Células-tronco


O hambúrguer artificial é feito a partir de células-tronco, que se podem desenvolver em tecidos em diversas formas, tais como nervos e pele.


A maioria dos pesquisadores que trabalham com células-tronco tentam cultivar tecido humano para transplantes ou para substituir tecido muscular doente, células nervosas ou cartilagem. Mark Post, no entanto, usa essas células para cultivar músculo e gordura para a fabricação dos hambúrgueres artificiais. O processo começa com células-tronco retiradas do músculo de uma vaca. No laboratório, essas células são colocadas numa cultura — uma solução — com nutrientes e elementos químicos que promovem o seu aumento para ajudá-las a crescerem e se multiplicarem. Três semanas depois os cientistas já estão com mais de um milhão de células-tronco, divididas e colocadas em recipientes menores. As células já crescidas transformam-se em pequenas tiras de músculo de cerca de um centímetro de comprimento e apenas alguns milímetros de espessura.


As pequenas tiras são então coletadas e juntadas em pequenos montes, coloridas e misturadas com gordura. O hambúrguer resultante deste processo foi preparado e provado numa entrevista coletiva em Londres, há dois anos.


Um especialista gastronómico que provou a iguaria disse que o gosto estava "próximo da carne, mas não era tão suculento", mas outro disse ter gosto de um hambúrguer de verdade.


Holandeses na vanguarda da proteína vegetal.


Já existem mais de 60 empresas e instituições de pesquisa na Holanda que se concentraram na produção de proteínas de origem vegetal, como a The Vegetarian Butcher, adquirida há 4 anos pela gigante Unilever. Também a Upfield, dona da empresa de queijo vegano Violife, juntamente com produtos para barrar à base de plantas, como I Can't Believe It’s Not Butter, anunciou no verão de 2020 que iria investir 50 milhões de euros (US $58,1 milhões) num Centro de Ciência Alimentar voltado para o futuro dos alimentos vegetais.


“The Upfield Food Science Centre“, localizado na cidade holandesa de Wageningen, que abriga a Universidade e Pesquisa de Wageningen, gigante da pesquisa agroalimentar e classificada como uma das melhores universidades agrícolas no mundo, encontra-se em construção e espera-se que abra portas ainda em 2022. O campus inclui os antigos institutos de pesquisa agrícola do Ministério da Agricultura holandês, e é a única universidade holandesa, focada especificamente em alimentos saudáveis e ambiente de vida. Também faz parte do Food Valley , uma região da Holanda em que tantas empresas de alimentos e centros de pesquisa de inovação agrícola estão localizados na chamada de Vale do Silício dos alimentos.


Portugueses preparados para abraçar a alimentação sustentável


Segundo a Associação Vegetariana Portuguesa (AVP), os portugueses estão prontos para reduzir o consumo de carne e pagar mais por produção sustentável. Em Portugal, um país onde tradicionalmente se come bastante carne e peixe, é crescente o número de pessoas que se mostra disposta a reduzir o consumo de carne. Segundo os dados recolhidos pelo II Grande Inquérito da Sustentabilidade em Portugal, realizado por Luísa Schmidt e Mónica Truninger, investigadoras do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, mais de metade (50,6%) dos participantes manifestaram predisposição para a reduzir o consumo de carne e para adotar uma alimentação de base vegetal (45,1%).


As proteínas vegetais têm-se tornado mais populares recentemente, e por cá, não é exceção. Atualmente é possível encontrar várias opções veganas tanto em supermercados, lojas de especialidade e também em restaurantes como o Organi Chiado, onde os menus são variáveis diariamente, em consonância com o ambiente e época do ano.